A solução que muitos pais têm encontrado para evitar os eternos pedidos de dinheiro dos filhos é a mesada. No entanto, apesar de parecer uma boa solução, os pais têm dúvidas sobre como proceder ao instituir a mesada e se ela realmente produz os benefícios que promete.
Do ponto de vista dos filhos, a mesada representa uma espécie de "independência econômica". Isso não significa que ela deva suprir todas as necessidades da criança e do adolescente, mas, sim, permitir que eles passem a administrar uma determinada quantia e, com isso, não precisem pedir dinheiro para todo e qualquer gasto. Além disso, eles podem fazer alguma economia e planejar gastos maiores a longo prazo. Os benefícios disso são inegáveis: além de desenvolver o senso de responsabilidade, a administração de uma mesada pode ensinar o quanto pode ser difícil fazer o dinheiro render quando não se tem controle sobre os próprios impulsos de consumo. Porém, tudo isso só acontece quando são tomados alguns cuidados. Vejamos alguns deles:
Evite:
· Dar mesada para crianças muito pequenas. Como elas não compreendem muito bem o valor das coisas, podem gastar tudo de uma única vez e acabar pedindo mais dinheiro para os pais, sem que a lição lhes traga qualquer ensinamento. O ideal é que a mesada seja dada a crianças que já tenham noção do valor do dinheiro e das coisas que querem comprar e saibam fazer cálculos simples, como o valor de um troco a receber, a fim de que não sejam enganadas por qualquer vendedor mal-intencionado.
· Estabelecer um valor muito alto ou muito baixo para a mesada. Uma criança ou adolescente com muito dinheiro podem se ver estimulados a um consumismo excessivo, às vezes fora do padrão econômico da família; por outro lado, um valor irrisório pode fazer com que o filho não se sinta capaz de administrar o próprio dinheiro, não por falha sua, mas porque o dinheiro não é suficiente para cobrir os seus gastos.
· Complementar com freqüência a falta de dinheiro ocasionada pela má administração da mesada. Muitas crianças e adolescentes gastam além da conta e passam a recorrer sistematicamente aos pais para conseguir mais dinheiro. Se os pais cedem aos pedidos, o filho não aprende a controlar os impulsos e cria a ilusão de que pode gastar sem limites. Quando isso acontece, a mesada perde a sua função.
· Vincular o recebimento da mesada ao desempenho escolar. Nunca se deve ensinar uma criança ou adolescente a estudar para receber prêmios financeiros. O estudo é uma tarefa a que os filhos devem se dedicar pela importância que tem em suas vidas. Se a pessoa estuda apenas para garantir a mesada no final do mês, sente-se desobrigada disso se, por algum motivo, a família deixa de ter condições de dá-la.
Procure:
· Estabelecer o valor da mesada juntamente com seu filho, deixando claro quais as despesas que o dinheiro deve cobrir e quais serão pagas pelos pais. Por exemplo: a família pode estabelecer que a mesada deve cobrir o transporte, o lanche e eventuais passeios com os amigos, ficando a cargo dos pais o pagamento das mensalidades da escola e passeios realizados em família. Se os pais quiserem que o filho aprenda a economizar, é importante que haja alguma folga monetária para isso, por menor que seja. Exigir economia de uma criança ou adolescente com orçamento apertadíssimo pode gerar brigas sem sentido.
· Analisar qual a periodicidade mais adequada para o recebimento da mesada. Crianças mais novas, em geral, têm mais dificuldade em fazer planejamentos a longo prazo e, portanto, em administrar seu dinheiro por um período longo. Nesses casos, é mais recomendável que o dinheiro seja dado semanalmente ou a cada quinze dias. Isso ajuda a criança a desenvolver gradualmente maior controle sobre seus gastos.
· Negociar aumentos e complementações. Sempre que o filho pedir um aumento de mesada, é importante que os pais sentem com ele e analisem o motivo do pedido. Que gastos aumentaram? Por que há necessidade maior de dinheiro nesse momento? Caso o filho peça um complemento porque o dinheiro acabou, é necessário que se verifique que gastos fizeram com que o dinheiro terminasse antes do planejado. Se houver um bom motivo, como a necessidade de pagar uma despesa não planejada, não há problema algum na complementação. Se, no entanto, a falta de dinheiro ocorrer por excesso de gastos desnecessários, é mais saudável que a criança ou o adolescente sinta as conseqüências de seus exageros.
· Valorizar a boa administração do dinheiro. O filho deve sentir que os pais estão atentos para a forma como ele gasta o seu dinheiro e que eles apóiam o seu esforço para gastar dentro de suas possibilidades.
A experiência de administrar o próprio dinheiro ensinará mais à criança e ao jovem do que vários sermões a respeito do assunto. É por isso que a mesada pode ser uma ótima oportunidade de aprendizado para toda a família, até mesmo para os pais: não é só a responsabilidade do filho que será desenvolvida, mas também a confiança dos pais no bom senso e na capacidade de controle dele.
FONTE:http://www.educacional.com.br/falecom/psicologa_artigo038.asp