Sejam todos bem vindos ao Ensino Trakinas

Os que confiam no Senhor são como montes de sião,
que não se abalam, mas permanecem para sempre.(Sl 125:1).

Ensino Trakinas

sábado, 21 de julho de 2012

ESPORTES: As lições dos Jogos Olímpicos


Aprendizado com diversão. Quem se dispõe a assistir aos Jogos Olímpicos de olhos atentos não apenas na competição, mas em tudo o que ela envolve, pode aprender muito também sobre cultura, história, geografia, matemática, física e biologia. Realizada de quatro em quatro anos, a Olimpíada é o maior evento esportivo mundial. A próxima, que vai acontecer de 27 de julho a 12 de agosto de 2012 em Londres, reunirá mais de 10 mil atletas de duas centenas de países na disputa de medalhas em 36 modalidades. E será uma preciosa oportunidade de transformar a transmissão esportiva pela televisão em uma grande - e divertida - sala de aula. 
A professora Kátia Rubio, especialista em psicologia do esporte, usa o termo "educação olímpica" para descrever a experiência - e tem até um livro sobre o assunto. "A Olimpíada é um tema transversal, porque se apropria de muitos outros assuntos de interesse além do esporte", afirma. "Lembrar que os jogos começaram a ser disputados ainda na Antiguidade, na Grécia, é uma aula de história. Da mesma forma, a apresentação das delegações na cerimônia de abertura é um riquíssimo painel da nossa diversidade cultural, mostrando os valores e tradições de cada país. E quando abordamos os limites de cada esporte e os efeitos do doping, estamos falando de processos biológicos", observa.
A cerimônia de abertura é um momento que remete naturalmente à história, pois sempre faz referência aos gregos e a edições anteriores da Olimpíada. É um bom momento, portanto, para explicar aos pequenos o que foi a civilização grega e porque ela ainda influencia as sociedades modernas. Estudantes do Fundamental II e do Ensino Médio irão se beneficiar se seus pais ou professores se lembrarem de histórias de edições passadas da Olimpíada que tiveram implicações políticas, como os jogos de Munique (1972), afetados pela guerra entre palestinos e israelenses; os jogos de Moscou (1982), boicotados por vários países, entre eles os EUA, por causa da Guerra Fria; a Olimpíada de Berlim (1936), com a qual Adolf Hitler tentou demostrar a superioridade do povo alemão, mas que teve como mais célebre medalhista um atleta negro (Jesse Owens, EUA); e os jogos de Sydney (2000), os primeiros a trazer as Paraolimpíadas (para atletas deficientes) logo ao final da competição regulamentar. Os exemplos são inúmeros.
Para Irineu Loturco Filho, diretor técnico do Núcleo de Alto Rendimento (NAR) do Grupo Pão de Açúcar, que prepara atletas brasileiros de ponta (inclusive olímpicos), dois grandes ensinamentos para as crianças vêm com a Olimpíada. "O primeiro é o idealismo", diz. "O esporte é feito de heróis, já que o atleta é um idealista, alguém que normalmente começou de forma humilde e se sacrificou por anos para mudar a sua vida e a de sua família", explica. O segundo grande aprendizado é o da disciplina, de acordo com Irineu. "A alta perfomance do atleta só se obtém com muita disciplina, com o cuidado excessivo em todas as áreas. Para as crianças, fica o exemplo de que a disciplina é importante também para as tarefas do dia a dia, como estudar, obedecer às regras em casa, na escola e na sociedade", conta. É algo que entra na formação do caráter, e ninguém precisa ser atleta olímpico para se beneficiar desse ensinamento. "No meio do esporte, a cobrança, a necessidade de sempre melhorar e o conceito de disciplina ajudam o jovem a se abster de riscos que sempre o rondam, como o álcool, as drogas e a violência." Outra lição que vem dos esportes, mas dos coletivos, como vôlei, futebol e provas de revezamento, é a importância de cumprir corretamente o seu papel e fazer o melhor para que o companheiro também consiga obter o máximo resultado.

Fonte: Educar para crescer  http://educarparacrescer.abril.com.br  

domingo, 20 de maio de 2012

20 de Maio- Dia do Pedagogo

Pedagogo é aquele que ensina, que sabe empregar a pedagogia. Espera-se que saiba como ensinar e como mobilizar as diferentes áreas do conhecimento, para fazer educação com qualidade. Deve ser capaz de responsabilizar-se, com o professor, pelo pleno desenvolvimento das potencialidades do educando, conforme determina a legislação vigente. Seu objeto de ação é o desempenho docente, do ponto de vista das competências básicas do professor, na operacionalização do projeto político-pedagógico da escola. Cabe ao pedagogo exercer a liderança do sistema educacional, seja na gestão do ensino, na supervisão ou na coordenação pedagógica. Para isso, ele precisa sair da faculdade capaz de efetivar o trabalho coletivo na escola, sabendo promover a integração das competências de todos, contribuindo para o crescimento e a profissionalização dos educadores, despertando, em cada profissional, o desejo de atuar de forma diferente, conferindo-lhe ânimo para romper com a rotina cansativa que apaga a alegria de aprender da maioria dos alunos, construindo uma equipe de trabalho eficiente e uma escola de vanguarda. Bem assessorado pela liderança de um bom pedagogo, o professor inova com criatividade e segurança, sem se sentir sozinho na construção da própria competência pessoal e profissional. Pode contar sempre com a parceria de alguém capaz e disponível. O pedagogo atuante favorece a formação de grupos de estudo, fortalece a interação humana na escola, melhora o clima organizacional de maneira significativa, estimulando o respeito mútuo e a boa convivência. Para bem atuar no enfrentamento de suas funções no cotidiano da escola, é necessário saber com muita clareza o que é essencial, o que é importante e o que é acidental. Mas não basta só saber. É preciso querer e priorizar fazer só o que é necessário a cada momento. O pedagogo realmente competente só tem tempo para o que é essencial em seu campo de atuação. Ele deve procurar executar a essencialidade com muito esmero, dando atenção aos detalhes, garantindo o sucesso em tudo na primeira investida, evitando o desperdício de esforços e de tempo, agindo como estimulador cultural, criando condições necessárias à conquista de melhores resultados operacionais, vencendo, uma a uma, as amarras do tradicional em seu trabalho, sem medo de errar, evitando ser um tarefeiro, pau para toda obra ou fiscal do desempenho do professor.

sábado, 19 de maio de 2012

DESENVOLVIMENTO INFANTIL: Como as crianças desenvolvem noção de espaço


Ao explorar objetos e ambientes variados,a criança vai montando uma representação do espaço e aprende a se orientar por pontos de referencia multifacetada, a noção do espaço é, desse modo, um processo de amadurecimento que pode ser favorecido por professores e pais. 
Logo nos primeiros dias de vida, o bebê se inicia em uma jornada digna de um desbravador. Sem experiência, ele precisa distinguir e compreender as formas estáticas e em movimento que aparecem em seu campo de visão. Em outras palavras, para ele, o espaço ao redor ainda está por se constituir. "Lidar com o mundo, nessa fase, é reconhecer objetos e interagir com eles", explica Lino de Macedo, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). "O desafio é grande porque o espaço é algo contínuo, sem separações." As rupturas entre os objetos e as relações entre eles são construídas ao longo do desenvolvimento infantil e se estendem ao menos até a adolescência.

Essa criação pessoal do mundo ocorre em paralelo a outro processo importante: a construção da subjetividade, que se dá em grande parte pela exploração dos limites do próprio corpo. Uma elaboração colabora para o avanço da outra, tornando o entendimento sobre o entorno cada vez mais complexo e abrangente.

Um aspecto fundamental para esse desenvolvimento em duas frentes é a ideia de permanência do objeto. Trata-se da capacidade de criar uma imagem mental de algo, mesmo sem tê-lo diante dos olhos. Ao ser capaz de fazer isso, o bebê tem a primeira questão espacial - onde está o objeto que ele sabe existir, mas está ausente? Essa noção ganha um impulso quando ele começa a se deslocar com autonomia.

Assim que aprende a engatinhar, a criança não só pode pensar numa bolinha, por exemplo, mas se propõe a encontrá-la. Assim vem uma sequência: achar o brinquedo no ambiente em que ele está, entender onde ela própria se encontra e elaborar uma trajetória de deslocamento para chegar ao objetivo. Para isso, são necessárias referências para a orientação. Surge aí a exigência de estabelecer relações posicionais entre os objetos - se a bolinha rolou para trás do sofá, como se deslocar para alcançá-la?

Sintomas do déficit de atenção

Quando a criança é agitada demais, ela pode sofrer de transtorno do déficit de atenção. Descubra o que é esse problema e se seu filho precisa de ajuda.

Inquietude, falta de concentração, impulsividade. Parece que todo menino e menina é assim. Mas, às vezes, esses traços podem ser sinais de uma doença que atinge de 3% a 5% das crianças no mundo: o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O problema, de causas genéticas, surge na infância e pode até atrapalhar o rendimento escolar e a relação com os colegas.

"O importante é verificar se esses sinais persistem há mais de seis meses e acontecem em dois locais diferentes. Às vezes, a criança é hiperativa em casa, mas se comporta bem na escola e na aula de judô, por exemplo", afirma o médico Erasmo Casella, neurologista da infância e da adolescência e coordenador do Ambulatório de Distúrbios da Aprendizagem do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Diagnóstico só em maiores de 6 anos


Para obter informações sobre o comportamento da criança, a mãe precisa sondar a escola. "Quando há um problema que causa prejuízo na aprendizagem, a própria professora repara", diz Casella. O diagnóstico, no entanto, só deve ser feito após os 6 anos. "Quanto mais imatura for a criança, mais fácil confundir."

Em muitos casos, o diagnóstico requer o uso de estimulantes. "O primeiro passo é relatar o problema ao pediatra", diz o médico. Não buscar ajuda é um erro, porque o transtorno pode acompanhar seu filho na vida adulta e causar problemas familiares, sociais e profissionais.
Abaixo, estão alguns dos sintomas que sugerem o distúrbio. Mas é importante lembrar que há outros critérios e apenas identificá-los não é o suficiente para fazer um diagnóstico.
  1. Não consegue pretar muita atenção
  2. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ela
  3. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações
  4. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
  5. Perde coisas necessárias para as atividades (por exemplo, brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros)
  6. Distrai-se com estímulos externos
  7. Mexe com as mãos os os pés ou se remexe na cadeira
  8. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentada
  9. Não para ou frequentemente está "a mil por hora"
  10. Fala em excesso
  11. Responde a perguntas de forma precipitada, antes de elas terem sido concluídas
  12. Tem dificuldade de esperar sua vez

segunda-feira, 23 de abril de 2012

TRANSFORMAÇÃO PELA EDUCAÇÃO


O desenvolvimento de uma nação certamente esta amparado na educação. Alem da industrialização, de um varejo forte e da prestação de serviços, a educação e a formação de qualidade sempre devem ser priorizadas. Esse assunto não é novo, mas sempre é importante a sua discussão ate porque investimentos na educação básica, no ensino superior e no técnico estão aquém das necessidades.
Nos últimos anos, o Brasil ganhou destaque no cenário internacional, passando de mero coadjuvante a um dos atores principais. A opinião de nossos governantes começou a ser ouvida, e considerada. Se na economia houve avanços, obtidos principalmente por meio aumento da renda da população, o que estimulou o consumo e, por conseqüência, a produção e a manutenção dos empregos, o mesmo não ocorreu com a educação.
A educação brasileira continua mal avaliada. Embora dados do Instituto Nacional de estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (ideb), órgão vinculado ao Ministério da educação, indiquem que as metas estabelecidas para a educação básica, ensino fundamental e médio estejam sendo alcançadas, não há percepção geral de que a qualidade avançou.
Freqüentemente são divulgadas pesquisas que apontam que crianças e jovens não conseguem aprender matérias básicas, como português e matemática. O desinteresse, salvo algumas exceções, praticamente é geral, passando por alunos, pais e professores.
Isso precisa ser modificado.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Estão acabando com o magistério


A mais nobre das profissões no rol das gloriosas ocupações que integram o universo da Educação está a um passo de entrar em colapso. O magistério nunca esteve tão desmotivado e nem nunca foi tão vilipendiado como tem sido na 6ª maior economia do planeta.
Não que o drama da classe seja novidade. Professor é desrespeitado desde sempre. Mas esqueçamos as barbaridades cometidas contra o magistério no passado para nos concentrar em apenas um dos problemas centrais da categoria no Brasil de hoje: os baixos salários dos professores.
O novo piso do magistério, anunciado no mês passado pelo MEC (Ministério da Educação), recomenda aos estados e municípios pagar um salário mensal de 1.451 reais aos professores por um regime de 40 horas semanais de trabalho. Note-se que este valor é apenas uma recomendação. Não uma exigência.
Mesmo sendo baixo para uma categoria desta importância, o piso proposto é inatingível à grande maioria das 5,5 mil prefeituras brasileiras.
Levantamento divulgado em março no Paraná, estado onde o cenário de crise da Educação é menor, revelou um dado assustador: 51% dos 399 municípios do Estado já concederam reajustes salariais ao magistério em 2012.
Mesmo assim, não atingiram o valor. E o quadro deve piorar em 2013. Primeiro, devido à insuficiência das receitas das prefeituras. Depois, em função do efeito cascata que a correção do piso acarreta sobre as folhas de pagamento dos governos municipais devido à necessidade de repasse do valor aos professores aposentados e a todos os beneficiados pelos Planos de Cargos e Salários do Magistério – fato que, aliás, deve obrigá-los a superar o limite dos 52% de comprometimento de sua receita corrente líquida com pessoal, fixados pela LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
Em estados mais pobres, o quadro é ainda pior. Seus governadores podem pedir ajuda à União para complementar os valores que as prefeituras pagam até atingir o piso. Mas apenas 1.756 municípios de nove estados do Norte e Nordeste (AL, AM, BA, CE, MA, PA, PB, PE e PI) que recebem recursos do governo por meio do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério) têm este direito garantido. Os demais penam em tirar da cartola soluções financeiras mágicas para honrar as exigências previstas na Lei do Piso.
Esta é uma das razões pelas quais, como denunciam os prefeitos, um dos pilares do problema é a insuficiência dos recursos para o financiamento da Educação. De acordo com o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, de cada 1 real arrecadado em impostos pelo Brasil, 57 centavos ficam com a União e apenas 18 centavos, com os municípios.
Isto não significa que os municípios não tenham culpa pelos baixos vencimentos pagos aos professores, mas que a política salarial do magistério não pode ser tratada apenas como uma questão econômica e de responsabilidade apenas das prefeituras. Há um componente fortemente político na solução dos baixos salários dos professores, que passa por uma ampla reforma tributária – seguida de uma distribuição mais justa de receitas entre os Entes Federados – para garantir o custeio dos aumentos de vencimentos que os professores merecem.
Mas o caos do magistério é extremamente grave por outra razão – e é neste aspecto que reside o eixo deste artigo. É que a consequeência direta do descaso imposto ao magistério é o desinteresse dos jovens pela carreira e a fuga dos profissionais que já atuam na área para outras atividades, mais rentáveis e menos desgastantes.
Os dados justificam esta preocupação. Estudo encomendado pela Fundação Victor Civita à Fundação Carlos Chagas revelou que somente 2% dos estudantes do ensino médio têm como primeira opção no vestibular cursos ligados ao magistério.
E isto não é tudo.
De acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), entre 2001 e 2006, o número de cursos de licenciatura cresceu 65%; o de matrículas, apenas 39%. As conseqüências do problema são palpáveis: ainda segundo o Inep, considerando-se apenas o Ensino Médio e as séries finais do Ensino Fundamental, o déficit de professores com formação adequada passa dos 710 mil no Brasil todo.
Como se percebe, a degradação das condições de vida do magistério é muito mais que a degeneração de uma categoria profissional. É sinal da grave crise enfrentada pela instituição Educação.
E não se diga que a culpa pelo problema é apenas dos governantes e legisladores que prometem – e nunca cumprem – posicionar a Educação como sua prioridade. A imprensa, o setor privado e a sociedade adotam rigorosamente a mesma atitude.
A mídia porque, ao invés de promover um debate sério e profundo sobre a Educação, prefere concentrar seu poder de fogo na divulgação sistemática da mediocridade e da cretinice, classificadas de notícias. “Notícias” que agradam ao andar de baixo mas que, acima de tudo, rendem mais reais porque possuem perfil marcado por apelo supostamente popular – futebol, sexo, escândalos, criminalidade e as costumeiras idiotices envolvendo celebridades midiáticas.
O setor privado porque, embora se defina como de vanguarda no ensino, guardadas as exceções de sempre, paga aos seus professores menos que a grande maioria dos profissionais com formação universitária e lhes oferece condições de trabalho nem sempre dignas.  Com a diferença de que, pela pressão da lógica capitalista, cobra deles muito mais resultados que no setor público.
A sociedade também é responsável pelo problema. Ao invés de enfrentar este cenário com a seriedade que o tema merece, intensificando as cobranças tanto dos agentes públicos quanto dos privados, prefere desestimular seus filhos a seguir a profissão, rendendo-se à lógica pragmática do capital. Ou apenas se omitir do processo, quando entrega às escolas o ingrato papel (que é seu) de educar os próprios filhos.
O Brasil, que sonha em ser alçado ao seleto rol dos países desenvolvidos, está acabando com a carreira do magistério. Por analogia, está comprometendo seriamente a Educação e, o que é pior, o futuro que estamos reservando aos nossos descendentes. Triste que seja assim.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A nova arte de aprender

Pergunte a seus pais como eram as aulas na escola deles. Tirando os castigos e o fato de educação sexual ou ecologia não figurar nos livros, as coisas não eram lá muito diferentes de hoje. Professor na frente da turma, escrevendo a matéria no quadro e explicando o con¬teúdo, alunos anotando tudo para serem testados em provas, semanas depois. Há décadas o modelo é o mesmo.
O problema é que, do tempo da escola dos nossos pais até hoje, a ciência descobriu muita coisa sobre o caminho que a informação faz quando sai do quadro-negro, livro ou computador, passa pelos olhos e ouvidos e se transforma em memória. Há 10 anos, pedagogos e psicólogos tinham o monopólio das teorias sobre o assunto. Mais recentemente, cientistas de outras áreas resolveram estudar o chamado sistema cognitivo. “Quanto mais aprendemos sobre como nosso cérebro processa e armazena novas informações, mais des¬¬¬¬cobrimos que nosso sistema educacional está errado”, diz Jamshed Bharucha, doutor em psicologia cognitiva pela Universidade Harvard, dos EUA. As pesquisas têm derrubado mitos, apontado métodos mais eficazes e comprovado o que psicólogos, filósofos e pedagogos já falam há décadas: uma sala de aula deve ser mais do que esta que está aí.
Não que os cientistas tenham descoberto fórmulas mágicas de ensino. Na verdade, grande parte do que se fala sobre o cérebro e a educação é bobagem (conheça os 6 “neuromitos” ao longo desta matéria). “Há um buraco entre o estado atual da neurociência e sua aplicação direta na sala de aula. Mesmo assim, os professores têm acesso a vários programas de ensino baseados no cérebro”, afirma Usha Goswami, diretor do Centro para Neurociência na Educação da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, num artigo na revista Nature de junho. “Alguns desses pacotes têm quantidades alarmantes de informações erradas.”
Mas há descobertas quentes envolvendo a aprendizagem como uma atividade de todo o corpo. “Quan¬do um professor en¬tende o cérebro, conclui que ele precisa de nutrientes, e o aluno precisa estar bem alimentado; que uma sala pouco ventilada diminui a atenção e que a memória depende do sono”, diz Leonor Guerra, pesquisadora de neurociência da UFMG. “Estudos nessa direção estão baseando as mudanças na maneira de educar.”
Menos horários
Primeira mudança: as aulas dos adolescentes devem começar mais tarde, lá pelas 11 horas. Para a Fundação Americana do Sono, dos EUA, o hábito dos adolescentes de matar a 1ª aula, chegar atrasado na 2ª e tirar um cochilo na 3ª não é pura vagabundice da idade. Nem é porque os jovens fumam maconha demais. Mas é fruto dos hormônios da adolescência, que pedem pelo menos 9 horas de sono por dia e fazem a atenção dos jovens só atingir o pico às 11 horas.
A escola deveria se adaptar a esse metabolismo diferente. Uma pesquisa da fundação mostrou que 60% dos adolescentes têm sono de manhã – bem mais que as crianças. Ou seja: o horário segue uma lógica inversa. As crianças, que geralmente acordam cedo, costumam estudar à tarde, e quando viram adolescentes precisam responder chamada às 7h15.
O problema é que implementar uma mudança no horário alteraria toda a rotina e os horários da família. Mas escolas americanas que transferiram o início das aulas das 7h15 para as 8h40 tiveram alunos mais atentos. Na região da Nova Inglaterra (EUA), a mudança foi a¬com¬panhada por cientistas e documentada. As pesquisas mostraram que a média das notas aumentou (ainda que timidamente), as faltas caíram e os alunos passaram a ter menos sono.
Outra pesquisa sobre o sono e seu impacto sugere uma mudança mais radical: instituir a sesta depois de uma aula puxada. Um estudo da Universidade Harvard mostrou que, ao passar por aulas que exigiam muita atenção, os alunos lembravam-se mais do conteúdo quando tiravam uma sonequinha de 30 a 50 minutos.
Mais provas
Além do horário de início da aula, há uma outra convenção sem base científica: aulas que duram 50 minutos. “É muito tempo para o cérebro de uma criança. Nos 10 primeiros minutos de aula a atenção do aluno é boa. Se a informação for importante, ele segura a atenção; de outra forma, dispersa”, diz Leonor Guerra, da UFMG. “É importante dividir esse tempo em atividades diferentes.”
Para saber o tanto que os alunos prestam atenção na aula, uma escola perto de Newcastle, na Inglaterra, virou um verdadeiro laboratório de aprendizagem. A diretoria decidiu testar o mesmo conteúdo em turmas diferentes com métodos completamente distintos. Em uma delas, a matéria do dia seria formatada em seções de 8 minutos. Depois disso, uma pausa de 10 minutos, com brincadeiras que não tinham nada a ver com a disciplina. Mais 8 minutos do mesmo conteúdo. Pausa de 10 minutos, outra revisão. A retenção do conteúdo foi muito maior que a partir do método comum, mostrando que no começo da aula a criançada presta atenção se o conteúdo for interessante. E, se houver pausas, melhor ainda.
Outro problema da educação convencional é a semana de provas. Você se acha meio devagar por ter estudado para um monte de matérias e dali a 6 meses não lembrar de mais nada? Calma, há uma explicação científica. Segundo Bharucha, de Harvard, quando há muitas provas de diferentes matérias em pouco tempo, a chance de o aluno reter as informações é muito menor do que se a avaliação fosse dispersa no tempo. “Uma escola ideal tende a ter avaliação baseada na matéria estudada, e não no tempo que o aluno assiste às aulas”, diz Fredric Litto, professor da Escola do Futuro da USP , núcleo que pesquisa novas formas de educação. “Assim, um curso pode durar 3 horas, 3 dias ou 3 semanas, e não necessariamente 3 meses.”